Paciência e Tolerância

Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.” Tiago 5:7
Há algum tempo tenho observado o quanto as pessoas estão impacientes quanto ao tempo que os processos da vida levam para acontecerem e o quanto estão intolerantes em relação às dificuldades, problemas e equívocos que outros venham a cometer em seu desfavor. Nesta reflexão, quero me ater apenas ao ambiente familiar, na relação com o cônjuge e educação dos filhos.
Muitas vezes os pais não têm paciência para educar os filhos utilizando um dos ingredientes mais importantes: tempo. São tantos compromissos, atividades, trabalhos e aspirações pessoais que não há tempo para repassar um processo que não foi aprendido por completo ou para corrigir erros que aconteçam no percurso. As crianças têm que aprender logo de primeira, pois não há tempo para uma segunda oportunidade. Quando erram são punidas e não instruídas. São quase sempre ditos os “nãos”, e quase nunca as explicações e demonstrações do modelo. Não se pega na mão para ensinar a desenhar, apenas aponta-se os erros ou menciona-se o ideal. O ambiente não é seguro para o erro e instrução. Quando acontece, a criança tenta esconder para não ser punida ou envergonhada. Com o tempo, esta postura, forma pessoas impacientes, intolerantes e doentes. Passam a cobrar de si mesmas uma excelência utópica, que nas as permitem serem humanas e a cometerem equívocos. Errar é proibido; errar é um erro.
Com o cônjuge, espera-se uma relação que não atrapalhe os planos de vida ou que tome tempo além do programado. Se isto começa a acontecer, e percebe-se que o trabalho e tempo para ajudar o outro é grande, chegou a hora de trocar de cônjuge. Parece um pouco extremado escrito desta forma, mas esta é a síntese de como as pessoas tem se comprometido umas com as outras. Quantas vezes já ouvi a expressão “se não der certo, separa” da boca de pessoas que estão para casarem. Começam a relação com uma válvula de escape. Se sair fora do planejado ou da expectativa criada, simplesmente trocam-se as pessoas. Não há espaço para tolerância e tempo para investir no suporte ao outro naquilo que são suas fragilidades. Conseqüentemente as pessoas acabam se escondendo umas das outras, pois é impossível ser humano e não ter fragilidades, incongruências, TPM, gripe e outros.
Será que temos esperado e cuidado das pessoas que amamos, respeitando suas fragilidades e o tempo que os processos levam para amadurecem em suas vidas segundo as suas possibilidades, e não segundo a nossa expectativa e capacidade? Será que estamos exigindo dos outros, aquilo que está além das suas forças, mas que para nós é algo natural?
Reflita no texto de Tiago, pois ele fala sobre paciência e processos, compostos por etapas. Veja as situações descritas e pense nas pessoas que Deus colocou no seu caminho. Somos agentes da paciência ou impaciência? Somos lembrados por alguém que se sabe seguro para ser instruído no seu erro por nós ou pela rispidez e intolerância obrigando-as a esconderem?
Deus o abençoe e o leve além das raias desta reflexão.
Em Cristo
Ricardo Rocha

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